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- Chafariz da Praça Municipal - Caminha
Chafariz da Praça Municipal - Caminha
Contruído entre 1551 e 1553 pelo experiente mestre João Lopes o Velho, é um chafariz renascentista, assente em plataforma circular vedada por balaustrada de ferro. O tanque, circular, de coluna galbada e sistema piramidal, possui duas taças sobrepostas e remate em forma de coruchéu.
Inicialmente situava-se no extremo norte do Terreiro, mas, após as guerras liberais, a Câmara manda demolir o pelourinho que existia no largo e o chafariz foi deslocado para o local que hoje ocupa, tendo sofrido algumas modificações.
O estilo renascentista está patente no classicismo das suas linhas e na sua decoração, da qual se destacam as carrancas, sendo um dos chafarizes mais importantes do Norte de Portugal e da Galiza.
No século XV a vila de Caminha tinha uma rede urbana simples, composta por meia dúzia de arruamentos atravessados por uma artéria principal; o arruamento principal era cruzado ao meio por um vasto terreiro onde se efectuavam os mercados sazonais e as reuniões dos habitantes. Com o tempo, o terreiro assumiu a função de praça principal da vila, pelo que a edilidade se viu compelida a renovar este espaço, tornando-o no verdadeiro centro da urbe. Dessa forma, foram aí edificados os Paços do Concelho, o hospital da Misericórdia e o chafariz que abastecia a população. A construção de um fontanário há muito se tornara necessária em Caminha, uma vez que os moradores precisavam de se deslocar fora da vila para se abastecerem de água. Assim, em 1551 o Concelho determinou a construção de um chafariz, chamando o mestre vianense João Lopes o Velho para executar o projecto.
O chafariz de Caminha obedece a um programa estrutural desenvolvido anteriormente pelo mestre em fontanários construídos no Porto e em Pontevedra. Recorrendo sempre a um modelo piramidal, os chafarizes de Lopes o Velho possuem um grande tanque que assenta numa escadaria, no centro do qual se situa um pilar que suporta as taças cimeiras. O conjunto assenta num grande pilar decorado nas faces, sobre o qual se sustenta uma coluna de grandes proporções, em tudo semelhante às "colunas monstruosas" referidas por Diego de Sagredo na obra Medidas del Romano. Sobre aquela, o mestre dispôs duas taças, separadas por uma coluna abalaustrada mais pequena, sendo a taça maior decorada por seis mascarões e a segunda somente por quatro, mascarões estes que servem de canal para a saída da água. No centro da última taça assenta o pináculo, que possui na sua base pequenas máscaras utilizadas também para a passagem da água. O remate da obra é feito por um pináculo que mostra esculpido entre figuras zoomórficas o escudo da localidade para onde foi executado o fontanário.
No Chafariz do Terreiro de Caminha a coluna central foi esculpida com motivos lombardos, nomeadamente medalhões e fiadas de pérolas suspensos por "chutes" ou argolas. Os mascarões que decoram a primeira taça representam figuras de homens, alguns de longas barbas e chapéus de mareantes, outros de feições zoomórficas. Representam homens do mar, figuras lendárias de deuses marinhos, seres híbridos que parecem possuir forças sobre-humanas, ou talvez uma representação das "partidas do mundo", uma vez que algumas figuras parecem representar homens de diferentes raças, como é o caso de um negro, dois homens com chapelão de navegador, um homem coroado que lembra os indígenas sul-americanos. A coluna que suporta a segunda taça tem esculpidas figuras híbridas, serpentes com corpos transformados em folhagens, aproximando-se da taça para tocarem a água. O vaso seguinte tem esculpidas quatro gárgulas pelas quais se efectua a saída de água. O pináculo assenta numa base talhada com quatro máscaras humanas, sendo rematado por folhagens e um símbolo heráldico onde duas aves ladeiam o escudo da vila.
O Chafariz de Caminha foi elaborado segundo um programa de linguagem clássica, em que o mestre João Lopes o Velho fez a junção de uma estrutura proporcional inspirada nas ordens arquitectónicas clássicas com um programa decorativo repleto de figuras fantásticas, monstruosas, híbridas, e de elementos decorativos ao romano, demonstrando uma actualização com as novas linguagens artísticas renascentistas (OLIVEIRA, Catarina, 2002,p. 81).
Catarina Oliveira
IPPAR/2003
Referência: Direcção-geral do Património Cultural. Disponível em: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70682 (Acedido em 01-07-2016)
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