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- “Corpo, Abstração e Linguagem na Arte Portuguesa” – obras da Secretaria de Estado da Cultura (SEC) na Coleção de Serralves" para ver no Museu Municipal
“Corpo, Abstração e Linguagem na Arte Portuguesa” – obras da Secretaria de Estado da Cultura (SEC) na Coleção de Serralves' para ver no Museu Municipal
O Museu Municipal de Caminha vai acolher a exposição “Corpo, Abstração e Linguagem na Arte Portuguesa” – obras da Secretaria de Estado da Cultura (SEC) na Coleção de Serralves, no âmbito do acordo de integração do município de Caminha como Fundador de Serralves. A cerimónia de abertura está agendada para sexta-feira, dia 19, pelas 17H30.
Esta iniciativa integra-se num programa de exposições e apresentação de obras da Coleção de Serralves especificamente selecionadas para os locais de exposição, com o objetivo de tornar o acervo acessível a públicos diversificados de todas as regiões do país.
“"Corpo, Abstração e Linguagem na Arte Portuguesa” reúne obras da Coleção da Secretaria de Estado da Cultura (SEC) em depósito na Fundação de Serralves. A exposição representa, por um lado, os primórdios da constituição da Coleção de Serralves e, por outro, uma perspetiva muito singular sobre a arte produzida em Portugal entre as décadas de 1960–80.
As obras escolhidas atestam os diversos níveis de diálogo e confluência formais que os artistas portugueses souberam estabelecer entre si e com o contexto internacional a partir do pós-guerra. Uma das particularidades mais notáveis da arte portuguesa neste longo período de consolidação das práticas artísticas em Portugal foi a relativa indiferença ou o recurso instrumental aos aspetos mais conceptuais e performativos da arte, não obstante alguns artistas se terem dedicado a eles, como Graça Morais, António Palolo e José de Carvalho, ou até terem sido incontornáveis e essenciais em períodos específicos das carreiras de Alberto Carneiro, Ângelo de Sousa e Julião Sarmento. O que esta exposição procura verificar é o modo como a pintura e a escultura enquanto meios resultaram primordiais a todos estes artistas e às suas indagações artísticas e filosóficas. Quase todos os artistas selecionados para esta mostra estudaram e iniciaram as suas carreiras no difícil ambiente da ditadura portuguesa em que a censura e a repressão política e cívica conduziu vários deles à prisão, caso de Júlio Pomar e de Nikias Skapinakis, ou ao exílio mais ou menos forçado e permanente, como aconteceu com António Dacosta, Jorge Martins e Paula Rego. A partir da segunda metade dos anos 1950, vários dos protagonistas da arte portuguesa do último terço do século XX tiveram a possibilidade de realizar estudos no estrangeiro, quase sempre em Paris ou Londres, com pontuais estadas em Munique ou Nova Iorque, como foi o caso de Lourdes Castro, René Bertholo, João Vieira, Jorge Martins, Alberto Carneiro, Ângelo de Sousa e Eduardo Batarda. Tal permitiu aos artistas desta geração absorverem as pesquisas modernistas desenvolvidas pelos artistas da geração anterior, como Júlio Pomar, Fernando Lanhas, Nikias Skapinakis e Joaquim Rodrigo, articulando-as com os questionamentos plásticos e estéticos que se processavam nos centros artísticos internacionais.
Para estes artistas bem informados acerca dos caminhos da arte europeia e norte-americana na exploração da diluição das fronteiras entre cultura erudita e popular, no interesse pelas diversas manifestações da realidade e da comunicação mediática, na desmaterialização dos objetos artísticos, a opção pela pintura e pela escultura foi motivada pelo imperativo de desfazer um regime de imagens dependente da propaganda ideológica do Estado Novo, vinculado à representação dos valores conservadores e populares de uma sociedade que se queria estática, e reelaborar novas formas de ver e imaginar a realidade, consonante com a visão dinâmica de um mundo em transformação”.
A exposição pode ser visitada de terça-feira a domingo das 10H00 às 13H00 e das 14H00 às 18H00 e a entrada é gratuita.