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Ponte Medieval de Vilar de Mouros
Sobre o rio Coura, a Ponte de Vilar de Mouros está classificada como Monumento Nacional desde 1910.
Considerada como um dos protótipos das pontes góticas nacionais, a Ponte de Vilar de Mouros é constituída por três arcos ligeiramente quebrados, sendo o médio de maior dimensão, e um tabuleiro em cavalete. Apesar de se desconhecer a data exata da sua construção, as suas caraterísticas arquitetónicas apontam para os finais do século XIV e os inícios do século XV.
Muito perto da foz do Coura, numa secção do Alto Minho caracterizada por suaves margens e denso arvoredo, uma antiga via medieval cruzava o rio. O trajecto ligava Caminha a Valença e à fronteira galega, passando por Vilarelho, Venade, Argela e Vilar de Mouros (ALVES, 1987, p.62). Daqui, o caminho bifurcava para Norte, em direcção a Seixas, evitando a passagem do Minho em Caminha, por barca, (ALMEIDA, 1998, p.350), ou para o interior, ao longo do Coura
Construtivamente, a ponte pode considerar-se um protótipo das pontes góticas nacionais. A grande maioria dos autores que a ela se referiram coincide na proximidade estrutural e estilística para com a ponte de Ponte de Lima, ela sim o verdadeiro modelo de ponte gótica seguida no Norte do país, pela sua dimensão e pelo impacto que certamente teve no panorama laboral e económico do Entre-Douro-e-Minho da altura. Na obra de Vilar de Mouros, o esquema seguido é idêntico, com grandes arcos ligeiramente quebrados, intercalados por olhais sobre talhamares prismáticos, que reduzem, consideravelmente, o peso da estrutura. Outras características reforçam a cronologia gótica da obra, como o duplo tabuleiro em cavalete ou o número ímpar de arcos, facto já considerado como normal na arquitectura gótica de pontes (ALMEIDA e BARROCA, 2002, p.125). O facto de o desnível dos tabuleiros não ser muito acentuado terá levado alguns autores a equacionarem a possibilidade de, à semelhança da ponte de Ponte de Lima, também esta ser de origem romana (ALMEIDA e BARROCA, 2002, p.127), hipótese até ao momento não confirmada.
Com os seus três arcos (o médio de maior dimensão), a ponte de Vilar de Mouros é uma obra que confirma o racionalismo e o equilíbrio que estas estruturas de passagem atingiram no final da Idade Média, mas também a sua modéstia. Não existe, aqui, qualquer elemento de fortificação (como torres, ou ameias) - limitando-se as guardas laterais a um murete -, e mesmo o número de vãos confirmam o estatuto relativamente secundário da obra. Neste sentido, podemos concluir que, em Vilar de Mouros, simplificou-se o modelo mais ambicioso de Ponte de Lima e de outras pontes do Entre-Douro-e-Minho (como Ponte da Barca), num processo que deve corresponder ao carácter utilitário da maioria das pontes baixo-medievais do Norte do país.
Infelizmente, a tecnologia de construção de pontes na Baixa Idade Média apresenta-se como uma longa duração de mais de dois séculos, o que inviabiliza a melhor definição de cronologias e de grupos estilísticos. Desconhecemos a data da sua construção, embora Aníbal Ribeiro sugira os finais do século XIV e os inícios de XV (RIBEIRO, 1998, p.169). Tendo em conta que a reforma gótica da ponte de Ponte de Lima deve datar da segunda metade do século XIV (na sequência de grandes obras promovidas por D. Pedro I), é natural que uma parte significativa das pontes que, com ela são estilisticamente comparáveis, datem das décadas seguintes, argumento abonatório em relação à proposta de Aníbal Ribeiro.
A importância da ponte de Vilar de Mouros acentuou-se ao longo de toda a Idade Moderna, como se comprova pela existência de uma pequena capela a ela associada (a de Nossa Senhora da Piedade) e, principalmente, pelo recanto monumentalizado no acesso Norte, onde, na época barroca, se construiu uma Alminha, "com um pequeno nicho encimado por uma cruz em pedra" (RIBEIRO, 1998, p.169).
Até aos nossos dias, a velha ponte gótica manteve a sua função de passagem, mesmo com o advento das rodovias. Fazendo parte integrante da Estrada Nacional 301, tem sido alvo de campanhas restauradoras pontuais, dirigidas para a consolidação da estrutura e não para a preservação dos seus elementos originais. Testemunho de uma das mais antigas vias do Alto Minho, a ponte aguarda, ainda, um projecto de valorização, salvaguarda e estudo, que permita conservar e contextualizar a estrutura.
PAF
Referência: Direcção-geral do Património Cultural. Disponível em: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70178 (Acedido em 01-07-2016)
Estrada da Ponte 121
4910-584